O Oscar 2019 foi um dos mais aguardados da história da premiação. Afinal, era um ano repleto de grandes filmes e atuações, e a corrida pelo prêmio de Melhor Filme foi das mais acirradas. Mas, no final, foi Green Book o grande vencedor da noite, levando para casa os prêmios de Melhor Filme, Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante para Mahershala Ali.

Mas por que este filme se destacou tanto em relação aos outros indicados? A resposta está no tema abordado pela produção e na forma como ela o fez. Green Book conta a história de Don Shirley (Mahershala Ali), um pianista clássico negro, que decide fazer uma turnê pelo Sul dos Estados Unidos em plena década de 1960. Para isso, ele contrata Tony Lip Vallelonga (Viggo Mortensen), um segurança ítalo-americano grossão, para ser seu motorista e guarda-costas durante a viagem.

O filme tem uma abordagem sensível e crítica sobre um tema importante da história dos Estados Unidos: o racismo. Ele mostra como a relação entre Don e Tony se desenvolve ao longo da jornada, e como eles vão quebrando aos poucos as barreiras que os separam. É emocionante ver como um homem que até então nunca tinha se importado com o preconceito vai mudando sua forma de pensar e agir quando convive com uma pessoa que é alvo deste preconceito diariamente.

Além disso, Green Book é tecnicamente impecável. A direção de Peter Farrelly consegue mesclar com maestria os momentos de drama e comédia na narrativa, mantendo o ritmo do filme sempre fluido. A fotografia de Sean Porter e a trilha sonora de Kris Bowers se complementam perfeitamente, dando ao filme uma atmosfera de época que transporta o espectador para aquele momento da história.

Outro ponto forte do filme são as atuações. Mahershala Ali, já conhecido do grande público por seus papéis em Moonlight e True Detective, entrega mais uma performance excepcional como Don Shirley, mostrando um homem solitário, mas determinado a seguir seus sonhos. Já Viggo Mortensen surpreende como Tony Lip, deixando de lado seus papéis mais físicos para dar vida a um personagem complexo, cheio de nuances.

Porém, embora tenha sido o favorito da noite, Green Book não escapou de críticas e controvérsias após sua vitória no Oscar. Muitos espectadores e especialistas alegaram que o filme simplifica demais a relação entre Don Shirley e Tony Lip, suavizando o racismo e a violência que o pianista sofreu durante a viagem pelo Sul dos Estados Unidos. Alguns ainda acusaram o filme de ter a típica abordagem white savior (ou salvador branco), em que um personagem branco se coloca como o herói salvador de um personagem negro.

Apesar disso, Green Book se tornou o grande vencedor do Oscar 2019, e isso não deixa de ser um marco histórico para a produção cinematográfica. O filme soube usar a sua sensibilidade na abordagem de um tema tão caro à sociedade e se destacar na disputa com grandes concorrentes. Seja você um fã ou um crítico, é inegável que Green Book merece ser reconhecido como um dos filmes mais importantes da década.